quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Sinistras Sinapses
Era uma aranha experiente. Além do mais não poderia contrariar seus instintos de sobrevivência. Tecia silenciosa. Era como se pudesse voar, suspensa no ar por sedosos e quase invisíveis fios. Tecia pacienciosa. Era um malabarismo esplêndido, porém solitário. A trama se desenhava complexa, mas harmoniosa e sutil. Estratégica. Era preciso. Era vital. Era fatal. Tecia atenta ao vôo dos pequenos insetos. Incertos, no entanto frequentes. Tecia lenta e cuidadosamente. Subia e descia. Tecia com primorosa simetria. Sua teia era o completo enxoval. Cama e mesa. Palco de festa e sacrifício, mesmo que fosse o nupcial. Tecia como robô, a trama de encanto e horror. Alheia. No escuro. Como trama o desejo inconsciente. Tecia ágil e peçonhenta. Tecia sua sobrevivência. Elegante e paciente, ou carniceira e violenta. Senhora do tempo e do espaço, escrava do ofício e do acaso. Tecia no que podia se segurar. Ligava pontos que nem se viam, nem se supunham poder ligar.
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