Passa o tempo e as pessoas
Passam por mim.
As que sofrem vertigens,
As vadias e as virgens...
As mudas e as que semeiam,
As que trabalham e as que passeiam.
As que deixam os pés pelo caminho
E as que não caminham mais...
As que se desdobram
As que se cobram e se doam
As que se dobram
Comendo o pão que o diabo amassou.
Tem as que se tornam doces...
As que ficam amargas...
As que ficam amigas
E as amigas que passam.
Passam tantas vidas pela minha vida
Que eu nem sempre as vejo
De forma devida...
Senão seus vultos
Seus semblantes suplicantes
Em meio ao tumulto
De uma multidão...
Passam e repassam,
Passam desta pra melhor...
Passam-me seus códigos
Seus segredos mórbidos
Seus desejos sórdidos!
Passam tantas vezes
Que se pensam íntimos...
Tem os solitários...
Tem os sedentários...
Os opressos operários
E os salafrários!
Tem os sedutores,
Os respeitáveis senhores
As Marias das Dores...
E todos os renitentes murmuradores.
Passam tantos sonhos
E tantos sonhadores
Que já me tiram o sono
Seus rumores, seus rumores...
Vejo-me tantas vezes nelas...
Nessas vidas em fatia
Que eu provo dia-a-dia...
Na menina pálida,
Na mulher impávida
Na velha senhora ávida
De mais um tanto de vida.
E muitos mais há que passaram...
A mulher de barba e bigode,
O gigante e o anão...
O hermafrodita, o ilusionista...
E o menino com cara de leão.
Passam por mim e eu por eles
E nada disso é em vão.
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