terça-feira, 29 de abril de 2008

Leito de Dores

Beijava-me.
Os lábios lívidos
rijos e parvos
como os umbrais
à tormenta
noturna e fria...

Sorria-me
Com um laivo
tolo, sensual,
mui embotado,
mui indolente
qual tênue sombra
indecisa
ao velador.

Tocava-me.
Ávido,
áspero,
sequioso,
num exaspero
pleno de esmero,
cego
e agarrado
a me agastar
como um coveiro.

Esfalfava-me
a fatigar-se!
Acres influxos,
e a salivar
até gozar
tão convulsivo
... tão repulsivo,
até seu ranço
torpe, lascivo
embotar o ar.

Abraçou-me
suarento e exausto
servido e fausto
já a ressonar...
Quedou alheio
e eu de permeio
... a sufocar...

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