quinta-feira, 24 de abril de 2008

Parábola

Tomou umas taças de vinho tinto
Deixou o pensamento a vagar
E o divagar, devagar, por instinto
Fez de acaso e poesia um par.

Um devaneio lírico, inocente
Desses de gente que é só solidão
Virou um labirinto, de repente
Um emaranhado árduo, sem solução!

Embebida em idéias, em fermento
Viu tudo leve, em volta, flutuar.
Creu que seu corpo, por um momento
Escorregava solto pelo ar.

Nesse momento ela até foi feliz
Envolta em aura lúdica a fruir.
Foi mergulhando, lenta, e quando quis
Deixar o sonho, erguer-se e sair...

Viu-se destituída de poder...
Já não tinha domínio. Pôs-se a rir.
E nesse idílio torpe de prazer
Abandonou-se até voltar a si.

Em meio às náuseas após o torpor
meio confusa, pode perceber
A boca de um abismo tentador,
Uma noite que não tem amanhecer...

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