Depressão- cinestesia
Tudo é amargo ou ácido...
Fosco, fétido e flácido
Como se o mundo todo
Imerso em fel, se diluísse
E fosse dissolvendo e sendo lodo
E nessa corrosão frouxa e cruel
Meu ser fosse também desvanecendo.
Flutuam fachos pardos, amarelos
Num fluido esverdeado, denso...
Meus pés se esquecem dos chinelos.
Eu ando no desalinho de andrajos rotos
Escondendo-me dos rostos alheios
Nos devaneios abismais desse mergulho
No ventre pútrido dos esgotos.
E quanto mais eu penso e repenso
Mais me atormentam a dor e o odor
Tão nécio e tépido no ar, suspenso
Como se tudo, em graxa flutuasse
Viscoso, mole e morno no silêncio,
Escorrendo lento, lento até o infinito.
Mas eis que na modorra dessa estase
Um fogo fátuo se insinua e toma vulto
Queimando tudo em labaredas tais
Que nada há que se lhe faça oculto
E nada há mais do que cinza e gás
E logo tudo, tudo
Se desfaz e jaz.
Tudo é amargo ou ácido...
Fosco, fétido e flácido
Como se o mundo todo
Imerso em fel, se diluísse
E fosse dissolvendo e sendo lodo
E nessa corrosão frouxa e cruel
Meu ser fosse também desvanecendo.
Flutuam fachos pardos, amarelos
Num fluido esverdeado, denso...
Meus pés se esquecem dos chinelos.
Eu ando no desalinho de andrajos rotos
Escondendo-me dos rostos alheios
Nos devaneios abismais desse mergulho
No ventre pútrido dos esgotos.
E quanto mais eu penso e repenso
Mais me atormentam a dor e o odor
Tão nécio e tépido no ar, suspenso
Como se tudo, em graxa flutuasse
Viscoso, mole e morno no silêncio,
Escorrendo lento, lento até o infinito.
Mas eis que na modorra dessa estase
Um fogo fátuo se insinua e toma vulto
Queimando tudo em labaredas tais
Que nada há que se lhe faça oculto
E nada há mais do que cinza e gás
E logo tudo, tudo
Se desfaz e jaz.
2 comentários:
Gosto muito dessa metaforização, dessa figurização dos sentimentos e abstrações. Acho que poucas coisas são mais poéticas que isso.
Estes versos são um mergulho na alma efêmera de um desesperançado...
Muito bem pensado, poetisa!
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