Eu O Vejo

Juro que não fui além
da sua antropometria perfeita,
da simetria de seus traços,
da cutis de Ébano,
ou das amendoadas linhas do olhar...
que assim já está bom demais.

Juro que é tudo símbolo.
O negro irmão junguiano
que vejo projetado, refletido
ao meu lado... tão sólido e fosco,
o rosto imponente,
o gesto, sutilmente, ambivalente

Eu me conheço tanto
que te reconheço outro tanto
em cada esgueirado e furtivo olhar.
Não é nada senão o encontro
de dois elementos que se sabem
comuns

Na turbulência de seus jovens dias
muito confusos são os sentimentos...
mas eu, do alto desses anos tantos,
contemplo a tudo com serenidade.
Na pantomima em que nos esquivamos
espero nunca magoá-lo muito.

Nós vamos indo, vendo convergir
caminhos antes tão vários e alheios,
quase como uma torpe cilada
de hipocampos e de cisrcunstâncias.
Mas os silêncios impostos
e outros muros invisíveis prevalecerão.