domingo, 11 de julho de 2010

Representação

Eu persegui com a voracidade apaixonada dos amantes um ideal romântico de felicidade que se tornaria concreto, não exatamente na forma ou aparência pessoal de uma alma gêmea, mas em sua essência objetivada em gestos fortes, passionais e num olhar do tipo que transcende... ou precede a razão. Um olhar faminto, possessivo, cuja vontade livre me possuísse com fúria vampiresca, regredida, selvagem. Todo o meu desejo se condensava no flash desse olhar insano, obsessivo.
No entanto encontro-me para além dos dias ávidos da juventude e nem sei se conheci a paixão. O sonho empalideceu. O desejo desvanece no coração hipertenso. Não sei se preferi a calma segurança do amor sereno e amigo que caminha apoiado no cajado da razão... Não sei se num lapso de lucidez fechei silenciosamente o baú de sonhos juvenis e apenas segui vida a fora... simplesmente.
O amor verdadeiro é compaixão. Tenho o caráter em paz. Estou em harmonia com o universo. Só esta brasa ainda arde sob as cinzas como magma no seio da Terra.
Não é paixão, nem desejo. É só uma dúvida inquietante que arrasto como corrente somente porque sou pensante e sofro de idéias e opiniões, mais do que de realidade.

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