sexta-feira, 5 de março de 2010

Festim

Brindemos!
Brinquemos
palavras desenhadas
com giz e riso
e gesto e fantasia.
Celebremos
qualquer coisa
a fim de que não seja mais
qualquer coisa.

Busquemos as notas
âmbar, sândalo e jasmim
nos frascos de jardim fantástico...
Aspiremos lentamente
o blend amadeirado
e expiremos saboreando
com palato e língua
a mornidão do sumo:
pontífice da plenitude
mais volátil...
E portanto mais
eternamente desejável.

Dancemos
ao som de melodias
várias e desvairadas,
devaneadas e elaboradas
com suaves movimentos
circulares
ou histriônicos espasmos!
Bailemos ao som
de bulhas e borborigmos,
de gorgeios, farfalhares
e outros milhares
de sons... pois os silêncios
hão de guardar seus ecos
como perfumes de vida.


Provemos as iguarias raras
com a reverência dos santos
e a calma astuta dos sábios.
Deliciemo-nos com manjares
e os alternemos
com regime frugal e jejuns...
Às coisas comuns
os espíritos nobres
emprestam valor!
Provemos também
da mesa dos intelectos,
pois nem só de pão
fermentam as almas.

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