quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Cena

Alfredo comia iscas de avestruz e tomava chop na mesa do canto. Maiara entrou na penumbra da sala e parou diante dele. Arfava em seu vestido grená. Olhou-o bem nos olhos e disse: " Você pensa que eu sou o quê?"
Alfredo engoliu a bebida que já brincava em sua boca, arregalou os olhos, surpreso e procurou recompor-se enquanto pensava numa resposta espirituosa. Mas antes que ele balbuciasse alguma coisa Maiara puxou a cadeira em freente a ele, sentou e pôs-se a tagarelar a respeito de como se sentia indignada com a desfeita.
Alfredo só a olhava.
__ Então é assim? Vc não tem nada a dizer?... É muito cinismo da sua parte! Pois saiba que me magoou profundamente!__ E foi pedindo um drink enquanto desfiava um rosário de queixas e impropérios. Quase chorou. Tomou sua bebida suspirando e um tanto trêmula enquanto Alfredo procurava algo para dizer que fizesse algum sentido, no entanto a sua hesitação parecia inflamar mais e mais o ânimo da bela morena.
Num rompante teatral, Maiara ergueu-se da cadaeira, meteu-lhe o dedo nas fuças e disse em tom ameaçador: "Nunca mais! Nunca mais, ouviu? Nunca mais me procure! Para mim, você morreu!". E saiu solene.
Marcos ía chegando, quando se desnrolava o último ato. Não entendeu nada, mas resolveu ficar à distância para não atrapalhar. Sabe como é... A gente nunca deve se meter em briga de casal...
__E aí, cara? Que é que deu na boneca? Tu andou aprontando... confessa!
__Meu, juro pra você: Num faço a mínima idéia de quem se trata! A maluca entrou aqui, tomou um wisky às minhas custas, me passou uma descompostura e foi embora...

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