terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Endorfina

Uma lassidão morna e benfaseja, como coisa senil que se instala e apenas é, e continua sendo mesmo sem saber. Uma acomodação disforme e átona. É assim que eu me assento impávida, impoluta e toda senhora de mim na simples expectação do meu entorno, sem distinguir limites ou horizontes... Sei que é passageira a falsa paz deste momento, mas ela é toda tão verdadeira e perene que em cada eterno minuto de seu gozo eu sinto as minhas fibras se afrouxarem como se todo o meu ser sorrisse e adormessesse ao doce e previsível burburinho da vida que escorre lenta, tépida e suave como um azeite a se derramar... um unguento que suaviza a dor... a dor que já não importa, que já não paraliza, nem atemoriza porque está anestesiada na embriaguez letárgica em que me abandono.

Um comentário:

Victor Meira disse...

É confessionário, mas tão bem escrito que dá gosto. Parece até que é mais bonito do que melancólico.

Lindo.