segunda-feira, 7 de julho de 2008

Do Amor

Contido em minhas malhas
de seda que as vis navalhas
do tempo em tiras espalha
está o segredo que guardo
sonho que anseio e aguardo.
No peito um inflamado dardo
flecha de Eros de ouro velho
de "era uma vez" um castelo
e o cavalheiro mais belo...

Contido em mui breves falas
tens meu desejo e te calas
nas câmaras de ante-salas
enquanto em meus aposentos
resigno-me sem lamentos
mas me levedam os fermentos.
Nas horas calmas já tarde
o amor sem fazer alarde
quer retirar-se covarde...

Contido, pois, no embaraço
de um coração em pedaços
juntando as tiras num laço
faz dos retalhos um ninho
e aprende a amar sozinho
segue pulsando baixinho
e quando julga perdido
o que sonhara escondido
vê-se em outrem refletido.

Contíguo agora a alguém
está contido e contém
É conquistador e é refém.
Não sei de amantes perfeitos
ou se o amor têm defeitos
mas se em amor são eleitos
Um encanto cheio de zelos
pra sempre há de fazê-los
tolerar seus desmazelos.

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