quinta-feira, 17 de abril de 2008

Devaneio

Ergui os meus calcanhares
Fitei as grandes alturas
E com ímpeto brandi nos ares
As asas: fantásticas
Como as dos míticos avatares!
Em meus delírios sobrevoei
Cidades e vilas aos milhares,
Fui a todos os lugares
Que desejei...
Senti a brisa úmida das alturas
E o leve atritar da loucura
A murmurar-me aos ouvidos.
Sobrevoei imensos mares
E os telhados dos lares
De quem julguei tão desvalidos...
Mas quando o sonho cessou
Eu pude ver-me, que insana!
Tão torpe e tão leviana...
Tão rente ao chão que um calor
Quase infernal me envolveu!
São vossos braços, Morfeu!
Não tive asas, jamais,
Mas nas brasas com que me abraçais
Posso sentir quem sou eu...

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