domingo, 23 de março de 2008

Impulso

Entrei e pedi um café. Passava um videoclip na TV de plasma acima da minha cabeça, mas preferi folhear uma revista. Doíam-me as costas. Isso era comum, mas depois de tantos dias de tratamento intensivo eu contava com alguma melhora. Doía insistentemente num ponto nevrálgico como se alguém me cutucasse e dissesse: Hei, você não pode me ignorar. Você não vai se livrar disso. Cada dia mais você sentirá suas limitações. E dor. Muita dor. Você já não pode fazer exercícios, nem usar saltos altos. Não passa mais sem analgésicos... Precisa de fisioterapias maçantes e que causam mais dor... e não pode mais erguer peso, fazer viagens longas...
Fui me sentindo mais e mais impotente e frágil diante desses lembretes. Imaginei-me inválida e dependente. Os olhos se me encheram de lágrimas numa auto-comiseração como eu jamais houvera sentido. Pedi um doce. Não me senti aliviada. Pedi a conta. Saí dali e, num impulso irresistível entrei numa loja de eletro-domésticos e comprei uma geladeira.

Um comentário:

Anônimo disse...

ahah!! Misterio da geladeira resolvido rssssss. no fundo, é mais que uma geladeira... agora tem muito mais valor aos meus olhos ;)

Estou amando os contos!!!! sou uma leitora voraz. e la vou eu voltar pra la e ler mais e mais e mais.
bjos