terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Moribundo

Pórticos lúgubres
Tácitos abrem-se...
Sôfregos, lânguidos,
de mil crepúsculos
como se os músculos
de suas pálpebras
pétreas e rígidas,
plúmbeas e pérfidas
erguessem féretros!

A cutis pálida
reluz estática,
parda, odorífera
e ainda cálida.
Casulo flácido
de um velho artrópode
que sonha incólume
um vôo intrépido
de anjo ou de Ícaro...

Pés e mãos trêmulos
quais débeis flâmulas
movem-se erráticos
ou quedam inválidos
nas trilhas íngremes
do leito mórbido.
O olhar inânime
Não tem mais súplicas
Nem tem mais lágrimas.

Um comentário:

Victor Meira disse...

Caaaara...
Tenso, denso.

Sinto os passos da personagem durante a leitura. Da criatura sonhadora que se recolhe ao leito para... sonhar. Sente-se o mergulho pela estrutura pesada dos versos.

Sinto, sente-se.
Boa.