terça-feira, 16 de outubro de 2007

Lúbrica

Minhas entranhas
são palpos de aranhas
com suas manhas
e sonhos e sanhas,
com estranhas artimanhas

Entre as noites e as manhãs...
com façanhas malsãs
e milhões de barganhas
e humores de canha
numa aura de xamã...

Em minhas entranhas
uma diva nefanda e vã
em delícias se banha
e revigora o seu afã...
Indômita anfitriã

Que me assanha
as incipientes cãs...
Que me arranha
a alma, por mais titã...
Que é vergonha e não se acanha.

2 comentários:

Victor Meira disse...

Cara, eu fico pasmo.

A musa das entranhas em seu banho. É escatológico. É denso, profundo. É feio, gosmento, visceral, intenso e mórbido, por mais paradoxal que isso possa parecer. E todos esses adjetivos descritivos e soltos na conotação mais sexual possível.

É real, dona de uma consciência dura e auto-crítica que beira a vilania.

Essa eu mais-do-que-gosto. Essa eu gosto com respeito, sabe?

Lírica disse...

Se é que se pode explicar uma poesia, eu diria que este poema retrta uma luta interna de um ser que quer se desprender e crescer espiritualmente... quer envelhecer com sabedoria, mas sente preso a um corpo que tem necessidades e uma libido__que não é só sexual__ que, digamos, ata com correntes o que quer se desprender, alçar alturas infinitas e ser livre...