Choro, choro
o choro que goteja
a gota que rasteja
pelo chão que viceja
Seja por ser sedento,
seja porque o vento
traz da flor, o rebento...
Choro o choro
fértil que germina...
porque a dor ensina
e porque a dor é sina.
... E se o pranto é tanto
que em grota e espanto
faz tudo ceder...
Que ao choro
Ceda a rocha dura,
e em cada fissura
da nova moldura
Deixe-se penetrar,
pois a água mole há
de sua'lma lavar.
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Um comentário:
A poesia inteira segue uma rima rigorosa, com algumas pontadinhas sagazes.
Entretanto, a última estrofe faz a poesia valer a pena (que por conseqüência traz a penúltima também). É, sem dúvida nenhuma, a estrofe mais inteligente e bonita da poesia. Dá gosto de tê-la lido pela conclusão. A brincadeira com a rocha dura e a água mole é brilhante. É bela.
Fico imagninando como a poesia seria se só fosse constituída pelas duas últimas estrofes. Não sei, por que de certa forma, o que as antecede cria a estrutura narrativa, o contexto gostoso pra que se lustre o fim.
Mucho mucho me gusta.
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