domingo, 14 de outubro de 2007

Choro

Choro, choro
o choro que goteja
a gota que rasteja
pelo chão que viceja

Seja por ser sedento,
seja porque o vento
traz da flor, o rebento...

Choro o choro
fértil que germina...
porque a dor ensina
e porque a dor é sina.

... E se o pranto é tanto
que em grota e espanto
faz tudo ceder...

Que ao choro
Ceda a rocha dura,
e em cada fissura
da nova moldura

Deixe-se penetrar,
pois a água mole há
de sua'lma lavar.

Um comentário:

Victor Meira disse...

A poesia inteira segue uma rima rigorosa, com algumas pontadinhas sagazes.

Entretanto, a última estrofe faz a poesia valer a pena (que por conseqüência traz a penúltima também). É, sem dúvida nenhuma, a estrofe mais inteligente e bonita da poesia. Dá gosto de tê-la lido pela conclusão. A brincadeira com a rocha dura e a água mole é brilhante. É bela.

Fico imagninando como a poesia seria se só fosse constituída pelas duas últimas estrofes. Não sei, por que de certa forma, o que as antecede cria a estrutura narrativa, o contexto gostoso pra que se lustre o fim.

Mucho mucho me gusta.