sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Nena

Lá se vai a velha Nena...
Dentro das meias elásticas
Com suas veias varicosas.
Ela e a sacolinha plástica:

Vai vender sua fornada.
Rua abaixo, rua acima,
Que a necessidade anima,
E mantém Nena ocupada.

Em andrajos, lá vem Nena...
Com suas tão fartas melenas
Na moldura de alvo algodão
Nena é a cara da solidão...

E porque ela sabe o gosto
Amargo que essa vida tem
Traz doçura nesse rosto
Que o desgosto escupiu tão bem

Nena e sua conversinha
Tão suave, tão amena...
Não arreda do portão
Até ter vendido um pão.

É assim que Nena vive
Sua vida de dar pena.
Quem não come o pão de Nena?
E ela só come o que sobrou
Do pão que o diabo amassou...

A gente às vezes tem pena,
Compra pra fazer favor...
Ouve a sua cantilena
C'ouvido de mercador.

Um comentário:

Victor Meira disse...

ainda sinto falta de umas separa�es paragrafais, pro poema ficar mais arejado...

Gosto mais desse do que do de baixo. Gosto da personagem e de alguns versos bem montados.. Especialmente os do inicio, porque no decorrer da poesia os versos v�o perdendo levemente a qualidade. Os quatro primeiros versos s�o muuuuuito bons.

Voc� t� ficando boa de personagens, viu?