Eu sinto, mas eu não sinto
Que importe tanto, o que sinto...
Neste silente recinto.
Acomodada, portanto,
Abandonada num canto
Verto essa losna de pranto...
Como o sereno talvez,
A flor expondo-lhe a tez
Lacrimejou tanta vez
Nas brumas da madrugada
De madrigais, embriagada.
Em dor, a alma enfunada,
Bebe o obscuro absinto,
Mergulha num labirinto
Vai ao inferno... E eu nem sinto
Que a noite, em dia se fez.
Que a alma já se refez...
Só pra embriagar-se outra vez
De realidade ou de sonho,
Do vinho doce e risonho...
Ou do veneno medonho
Que espreita na escuridão
Na morna e vil lassidão
Dessa cruel solidão...
Como, no solo, um restolho ...
Ou sem visão, fica um olho,
Inútil e só me recolho...