domingo, 14 de agosto de 2011

A Festa

Não há
como negar
no riso farto
o gozo em profusão.
Na confusão das falas,
na multidão das salas...
Na tácita comunhão
em que se regala
cada alma alheia
a sua própria condição, 
enquanto se recreia.

Não há
como negar,
no entanto,
ainda que
com algum espanto:
a euforia, em algum momento
cede lugar a um rumor mais brando...
E conforme a hora vai passando,
tudo perece ir-se esvaziando.

Não há
como negar
que no aceno de uma despedida
uma palavra possa estar perdida...
Um pensamento solto,
sem destino...
entre a poeira, os restos e o vazio.
Agora que vadio só
é que eu atino
no quanto me perturba a solidão.

Não há
como negar
que esse recolhimento benfazejo
é o que nos traz paz...
mas meu desejo
ainda quer dançar...
ainda quer provar o beijo
de uma ilusão qualquer
das muitas que sorriam no salão.







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