quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cuia

A cuia rústica,
pétrea e plúmbica
encrustra-se na rocha
e a rocha no banco de areia...

Espreita e não repousa.
Cuia calcárea
arqueológica, afetiva...
ao que a lógica aflitiva
se faz tão necessária...
e o mar enche e esvazia
com a concha da lua...
com a clave do dia.

Cuia agastada,
porosa, mineral...
transborda lágrimas
de estalagmite
Cuia visceral
na qual o pranto do mar
ecoa e não remite...

Essa cuia cabeceira
por onde passa
tanta asneira
já passou a vida inteira
e a dor não quer passar...

Cuia de Hamlet,
de "ser ou não ser"...
Crânio cravado de punhal...
Crânio Graal,
um artefato real
de um reino distante,
espectral...

Cuia de alcunhas
de infante...
Elmo das almas errantes,
Quem serão suas testemunhas?

Nenhum comentário: