segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Corruptela ou O Repente da Velha. (poema repentista)

Mulher donzela
coração de aquarela
passa o dia na janela
sonhando entrar na capela,
todo olhar grudado nela:
anjo, musa, Cinderela...
noiva, princesa, gazela...

Só por esse sonho vela
a jovem pura, doce e bela...
para honrar a cidadela
de quem tem sua tutela...
E ao cruzar a passarela
E ao cessar a pastorela
Tem início outra novela...

Por mais pura, doce e bela
o tempo passa por ela...
murcha a flor de lapela,
o que era branco amarela
e a vida dá numa viela.
De querela em querela
já o sonho se esfaçela

Quem é ela? Quem é ela?
é incansável sentinela,
é o sentimento que apela
é o nó preso na goela,
é a fonte e a gamela
é o medo que se pela...
é a que doa e anela...

Mas tudo o que nasce dela
já tem outra clientela...
e de mazela em mazela
se perde por bagatela
ou se vende por tabela.
E uma velha tagarela
É o que resta da donzela...

Um comentário:

Victor Meira disse...

A Geni, do Chico, me veio à cabeça, que coisa. E é legal o lance do repente, viu? Acho que, como leitor (e isso é coisa minha), canso um pouquinho da rima repetitiva.

Mas é um ótimo repente.

PS: oh, a Filó foi embora!