quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Consolação.

Talita vivia atormentada pela frustração conjugal. Roberto era bom marido. Formavam um casal desses que chamamos de "normal".
Mas Talita queria muito mais. A paixão lhe corroía os ossos, os músculos, o coração... da sessão da tarde à sessão coruja. Ela conquistara a liberdade de se casar com um homem decente para que sua mãe não lhe atasanasse mais. Na verdade trocara um cárcere por outro. Mas o que fazer, se não aparecem melhores candidatos a Romeu, ou Tristão?
Tinha um tal de Mário. Sabe aquele cara que se acha? Esse mesmo. Dava em cima de Talita na maior cara de pau. Ela até queria se sentir indignada. Mas qual o quê? Queria mesmo era que Mário lhe cantasse, que se arrastasse aos seus pés, que implorasse por seu amor. Ou seria apenas por sexo casual? Ah, não importa! Pelo menos como fantasia o pobre diabo haveria de lhe servir. O duro é que não... o pobre diabo, repito- porque era pobre mesmo e feio que só o diabo- nem pra fantasia servia.
Talita teve que se conformar em ser uma mulher digna, boa mãe e esposa exemplar. Suspirava secretamente em seus devaneios passionais, contudo nada se comparava à segurança, estabilidade e boa fama de uma vida de bem casada com Roberto.
Como consolo, restava ceder o ombro amigo para as lágrimas de Anita, que Adauto, o infame, chifrara; as lamentações de Vera que nunca se casara; e o arrependimento de Laura que largara de Antenor só por causa de Felipe, que ela já abandonou...

Um comentário:

Victor Meira disse...

Isso é uma batida de novela das 8 com Sartre?

Ê beleza. Talita fogaréu.