Quem de nós não tem a sua caixa mágica? A minha é feita de pessoas magras, contorcionistas dispostas num cubo perfeito, elegante, colorido. A minha filha tem uma semelhante, só que menor, claro. Na minha há, entre outras coisas, uma lamparina de ouro velho muitíssimo trabalhada, com rubis encrustados e uma luz resplandecente que me encanta e ilumina a tudo ao redor. Diferente dos cristais cujas luzes se entrecortavam como espadas enlouquecidas no ar. A luz da minha lamparina é regular e não agride os olhos.
Mas estamos esperando alguma coisa acontecer. Enquanto isso brincamos no pátio, com sucatas. Está uma linda manhã ensolarada e eu me recordo daquela viagem sobre os trigais. Você não estava nada bem, embora fingisse estar feliz. E eu acreditei... Por que sempre dizemos o contrário do que queremos? Deve ser um jogo bobo.
O menino peralta não para de fazer piruetas em sua velha bicicleta, mas ninguém parece se importar. Sinto pena de vê-lo empenhar-se tanto em seu espetáculo solitário...
Agora é hora de partir.
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Um comentário:
Bom demais, simplesmente. O texto tem a sinceridade e o mergulho introspectivo que sempre teve, mas esbanja sentimentos num roteiro muito mais intuitivo, com figuras que se amarram por sua beleza e desfilam sua liberdade metafórica.
Cada vez melhor, cada vez mais lindo. Que legal, cara.
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