terça-feira, 17 de junho de 2008

Deixa Assim...

Vejo o dianoitecer...
E a neblina que sobe lambendo o ladrilho
e sua trilha cheia de um brilho fugaz...
Vejo gotas de diamantes descendo pelo ralo
Ninguém ouve o que eu falo
e as nuvens brancas de algodão,
felpudas pendendos tornos
em torno de mim, logo irão
me abraçar... e eu suspensa no ar
entre nuvens e plumas e espumas
e algumas idéias... a sonhar...
Quando vou por os pés no chão?
Vejo a noitestrelada acender
outro dia com uma luz mais fria...
E vou me esconder na trincheira
que cheira a almíscar e sândalo e patchouli.
Vou banhar as penas de ganso
com minhas penas, meu ranço de ser
um pedaço edípico sempre a desmerecer
com meu traço típico de psiclichê,
o que a vida me parece ser...
E o tempo segue a pintar as paredes do dia
hora em tons que gritam, hora em pastéis
E seus ponteiros fiéis vão me cutucar
Até eu desistir de esperar tudo mudar.
Deixo a vida me roer porque se eu crescer
Como vou caber em mim?

Um comentário:

Victor Meira disse...

Isso é um absurdo! Caaaara... Aconteceu uma revolução aqui na sua escrita. Que coisa linda, quanta liberdade com as palavras, quanta riqueza figurativa, quanta maturidade nas idéias, quanta clareza e beleza!

"sobe lambendo o ladrilho"; "me esconder na trincheira que cheira a almíscar e sândalo e patchouli"; "com meu traço típico de psiclichê"... E o verso final.. Tudo lindo, tudo muito inspirado.

Gostei demais. Demais.