quinta-feira, 3 de abril de 2008

Espectro

Fui desenhando teu traço anguloso em minha retina ávida de formas e cores e luz. Fui divagando em teus olhos, fingindo te ouvir, mas ouvindo outras vozes de além. Delineei os teus lábios, teus lábios, teus sábios lábios...
No gestual de tuas mãos, que regiam confusas insinuações, imaginei ouvir uma sinfonia angélica. Quimera...
Clara cutis de cravejantes rubros fâneros, brilhas suave e rósea a evolar notas de um âmbar viril. Platão dos ombros aos platônico coração. Tua canção de suave sedução tão logo cessou! Mordendo os lábios num silêncio torturado... Tão forte expressão.
Teu tom, teu trato, e todo o teu aparato são de reverência e temor.
Fui desenhando teu porte, teu corte, tua aura na moldura sombreada da tarde enquanto ías.
E a envergadura que possuías... e tu crescias diante de mim... como uma sombra ao largo da luz, quanto mais longe, mais parecias crescer...
Fantasmagórica imagem, miragem, augúrio. Além dos meus muros, aonde irás?

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